sábado, 29 de junho de 2013

RELATO DA REUNIÃO DO DIA 18/06 E POSIÇÃO OFICIAL DA ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO CABRUNCOS LIVRES

Nesta terça-feira, 18, aconteceu às 17 horas no Jardim São Benedito, uma reunião na qual foram discutidas questões importantes para a organização do segundo ato do Movimento Cabruncos Livres. Em linhas gerais, a reunião contou com muitos participantes e algumas decisões foram tomadas. O objetivo deste texto é informar a população campista a respeito das questões deliberadas.

A primeira questão levantada diz respeito ao processo de politização do movimento. Faz-se necessário que definamos uma pauta concisa de reivindicações. Este processo de construção da pauta se mostra extremamente complicado, uma vez que os manifestantes trazem descontentamentos políticos diversos. Em Campos, não vivenciamos a tão falada "gota d'água". O Movimento Cabruncos Livres surgiu como resultado de um sentimento de agitação coletiva que tomou conta dos jovens do país, em decorrência da aderência massiva ao Movimento Passe Livre que se iniciou em São Paulo. Muitos jovens pela primeira vez descobriram-se agentes políticos e mostram-se eufóricos por estarem presenciando um movimento que parece ser inédito na história dos movimentos populares do Brasil. De fato, amigos, temos em nossas mãos a oportunidade de modificarmos drasticamente a conjuntura política e social de nosso país. No entanto, devemos estar cientes de que é fundamental que nos organizemos e não nos desmobilizemos. É de fundamental importância que nos orientemos em busca de uma pauta de reivindicações capaz de nortear o nosso movimento. Sabemos que não podemos permanecer apenas como um ato que apoie os movimentos que acontecem no âmbito nacional; precisamos incorporar as demandas do povo campista.

Eis os principais problemas apontados pelos manifestantes para a composição da pauta de reivindicações do movimento:

- O sucateamento da rede de transporte público: a condição precária dos automóveis, a escassez de linhas que atendam satisfatoriamente a população, a condição do terminal da Beira Rio e os demais pontos de ônibus;

- A precariedade da condição dos hospitais públicos da cidade: a falta de profissionais da área da saúde, a falta de material médico-hospitalar, a falta de leitos para atender a todos os necessitados que amontoam-se nos corredores dos hospitais, o enorme tempo de espera na fila para marcar/fazer exames;

- A precariedade da educação no município, que está em último lugar no ranking do IDEB: A defasagem das escolas públicas, a falta de professores, a falta de assistência aos mesmos, a falta de merenda escolar, a falta de creches;

- A má administração dos royalties do petróleo: a cidade possui um dos maiores orçamentos do Estado, que não é utilizado de maneira a atender as necessidades mais básicas da população.

Estas são as questões que aparecem com mais frequência nas demandas dos manifestantes. Há alguns meses, os governos municipal e estadual organizaram imensas manifestações contra o Projeto de Lei que propunha uma redistribuição do dinheiro dos royalties do petróleo para os municípios não produtores, o que diminuiria consideravelmente o orçamento dos municípios produtores. Percebemos que a má administração dos royalties está totalmente relacionada à má consecução dessas políticas públicas identificadas como deficientes. Pensamos, então, em tomar como principal bandeira a melhor administração/aplicação dos recursos provenientes dos royalties do petróleo. Levando em conta a amplitude do movimento, entendemos que a existência de uma bandeira principal que guie o nosso protesto irá consolidar a construção da unidade da manifestação.

A confecção de uma pauta principal não exclui outras questões que viremos a discutir à medida em que se avança com o movimento. São algumas delas: a questão da violência no campo, a construção da Lei Orgânica do município, a PEC 37, o Estatuto do Nascituro, a Cura Gay e a própria constituição da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados; dentre outras bandeiras que poderão ser trazidas ao debate.

A segunda questão diz respeito ao envolvimento dos partidos políticos na manifestação. O coletivo que organiza de forma horizontal a construção do movimento, entende que devemos adotar uma postura suprapartidária. Ou seja, tendo em vista a iniciativa de alguns partidos políticos orientados pela ideologia de esquerda em compor o nosso protesto, decidimos, embasados por votação feita na reunião do dia 18, que a participação desses partidos será bem-vinda. No entanto, solicitamos que os partidários usem de bom senso e não utilizem suas bandeiras e seus símbolos para descaracterizar o movimento. Exemplo: utilizar bandeiras do partido que se sobreponham muito às outras bandeiras e cartazes. 

O suprapartidarismo consiste numa postura que aceita o apoio dos partidos de esquerda que há muito tempo lutam pelos direitos dos cidadãos desse país. Deixando de lado as diferenças ideológicas entre esses partidos, consideraremos o apoio desses indivíduos que querem integrar e ajudar na consolidação do movimento. Reforçamos que nenhum partido se apropriará da liderança da manifestação. Não pensamos que devemos afastar esses partidos de nossa luta, pensamos que devemos nos apropriar desses partidos ao invés de não incluí-los no nosso movimento. Defenderemos a liberdade dos indivíduos de manifestarem suas convicções políticas, e repudiaremos qualquer atitude violenta contra os manifestantes que estiverem vestindo camisas ou quaisquer outros símbolos de seus partidos. 

A terceira questão diz respeito ao jornalista da Rede Globo que foi vaiado e agredido verbalmente pelos manifestantes e impedido de realizar seu trabalho. O movimento se opõe às empresas de comunicação que monopolizam a distribuição das informações no país e repudia as tentativas de distorção dos fatos relacionados aos movimentos em todo o Brasil. Percebemos que recentemente esses meios de comunicação que atendem a interesses de grandes corporações empresariais tem "mudado de ideia" quanto ao caráter desses movimentos, e isso se configura num motivo de preocupação. Devemos temer uma tentativa de apropriação desses movimentos populares por parte de setores muitos conservadores da sociedade e atentarmos para os seus reais objetivos. Não devemos permitir que essa manifestação enviese-se e abrace ideais reacionários muito nocivos à sociedade brasileira como um todo. No entanto, não impediremos que os jornalistas realizem seu trabalho e pedimos aos manifestantes que respeitem os profissionais. Incentivamos protestos contra as empresas de comunicação, mas devemos respeitar a liberdade de imprensa. Deixem que filmem, que entrevistem e estejamos atentos para a coerência da cobertura jornalística dessas empresas.

Finalizamos querendo ressaltar que este é apenas um primeiro esboço do manifesto; um documento que representa nossa posição ideológica, que define o que esperamos que aconteça no âmbito da manifestação, que dê uma primeira definição de nossas reivindicações políticas. Iremos aperfeiçoando o documento à medida em que formos caminhando e adquirindo experiência, que ganharemos gradativamente nos debates que acontecem nas reuniões e na própria manifestação que acontece na rua. Aproveitamos para pedir que os interessados na construção do movimento não deixem de comparecer às reuniões para expressar suas opiniões e dessa forma participar dos processos deliberativos. É importantíssimo que o povo traga suas ideias. E todas as informações importantes acerca do movimento serão divulgadas na página criada pela organização do Cabruncos Livres.

CABRUNCOS, UNI-VOS!

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